O Livro do Meio



Concebido para ser partilhado pelos presentes durante uma apresentação no ciclo Impossuível, o Livro do Meio funcionou como um roteiro expandido para duas apresentações em torno de escolhas electivas provenientes das nossas bibliotecas privadas. Estas duas apresentações partiram de um terreno comum, definido por outro livro—o Palimpsesto de Arquimedes.

Existem livros que não conseguem fugir à História nem ao nosso tempo. O Palimpsesto de Arquimedes viajou pela forma, diminuída, esquartejada, voltou ao volume pela metade, inverteu direcções de escrita e leitura, desapareceu e só assim encontrou um modo para resistir. O Palimpsesto de Arquimedes viajou pelo espaço e pelo tempo. É um livro que dificilmente se descodifica, mas que o Google acredita poder ser lido («Read this book» é a acção que convida à leitura de páginas que mais não são que imagens de páginas destroçadas). O Palimpsesto de Arquimedes ficou no meio da História, no meio do visível e do invisível, no meio dos meios (entre cultura impressa e as suas vicissitudes e cultura digital), da matéria física e da matéria virtual. O seu conteúdo, princípios, forma, contornos e mesmo alguns mal-entendidos da História definiram os critérios que nortearam cada uma das nossas apresentações e também a concepção do Livro do Meio. Tal como no Palimpsesto de Arquimedes, o Livro do Meio são dois textos num só livro, com um espaço comum pelo meio.

Apresentação e publicação distribuída no âmbito do ciclo Impossuível, Navio Vazio, Porto, 08/05/2010. C/ Marco Balesteros, a convite de Isabel Carvalho e Pedro Nora. Ciclo de apresentações com Braço de Ferro, José Bártolo, Mário Moura, Isabel Duarte, Maria João Macedo, Ricardo Nicolau, Sofia Gonçalves e Marco Balesteros.

Publicação: 36 pp., 10.2 x 14.7 cm, risografia.