Low/High: Autopublicación y Fotografia.


A fotografia fica muitas vezes refém dos seus modos de reprodução. O processo editorial em fotografia toma, frequentemente, como principal argumento, as qualidades técnicas da reprodução da imagem. Cor, tecnologia e suportes de impressão, tiragens elevadas, são exigências que parecem impor-se por defeito a estes objectos editoriais. Tudo isto leva a que a publicação de fotografia pareça apenas possível com os recursos económicos e humanos inerentes ao mercado editorial mainstream. Como alternativa, as publicações próprias apresentam-se como «tubos de ensaio», onde germinam projectos que à partida não possuem aplicação real e/ou que pretendem viver à margem de imposições comerciais. Os meios digitais, a democratização dos meios de edição, produção e distribuição, são factores decisivos para o estabelecimento deste fenómeno.

Por outro lado, a partir dos anos 1960, a arte conceptual deixa de entender a fotografia como modo de representação do real, mas sobretudo como representação de uma ideia. Autores como Dan Graham, Ed Ruscha, Hans Peter Feldman, John Baldessari, revêem na fotografia a possibilidade de registo de processos conceptuais; em alguns destes autores, palavra e imagem passam a ter o mesmo grau de importância. 

Ao assumir que a obra fotográfica pode ser um discurso, o workshop LOW/HIGH fez das condicionantes de (re)produção mais valias conceptuais, tema e metodologia projetual. Procurou aferir outros valores para a imagem fotográfica, para além da qualidade de reprodução; entendeu os argumentos conceptuais como motores do discurso e da edição; questionou noções de resolução/qualidade, representação/reprodução, imagem/página. Mais do que um juízo de valor, questionaram-se as noções de LOW/HIGH CULTURE, LOW/HIGH RESOLUTION, LOW/HIGH COST, como motores de criação de um conjunto de publicações individuais que foram editadas, desenhadas e produzidas pelos participantes, recorrendo aos meios disponíveis.

O processo proposto utilizou a publicação como ponto de partida e de chegada para a imagem. A partir de uma imagem proveniente de publicações mass media/low culture (jornais, revistas e restante universo de publicações descartáveis) desenhou-se um discurso/narrativa que culminou numa imagem final. A publicação constrói o relato deste processo de análise e transformação. Como passos da metodologia projectual fez-se uso de um conjunto de analogias com o acto de fotografar, revelar e expôr a imagem fotográfica — ZOOM-IN (selecção da imagem), ZOOM-OUT (contexto/proveniência/palavra), FOCUS (enquadramento), SHOOT (definição de universo especulativo), CONTACT PROOF (modelo esquemático de todo o material reunido), DEVELOPMENT (a imagem final), PUBLISH (a publicação). No plano das intenções, a publicação gerada coexistiria com a publicação de origem como um encarte marginal.
Workshop. C/ Marco Balesteros; organização de Carlos Albalá e Victor M. Fernandéz. Espaço La Rampa, Madrid, 2011.

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