Exercícios Aéreos
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Este texto é uma tentativa de reconhecimento das propriedades de uma
certa tipologia de produção editorial — espécie identificada, mas à espera de
taxonomia definitiva, dada a sua volatilidade. Dar nomes às coisas é operação fundamental para
identificar filiações e muitas foram as tentativas: edição independente,
experimental, marginal ou à margem, edição própria, de autor, underground, alternativa, self-published, small press. É difícil nomear o que é, por natureza, heterogéneo[1].
Se publicar é operação fundamental para a constituição molecular da evolução e circulação das ideias, apresentamos a primeira hipótese: pensar esta tipologia editorial como um sistema biológico. Neste, cada exemplar, com uma morfologia (quase sempre) peculiar, é uma espécie rara, à beira da extinção (considerando a sua propensão para empreendimentos de brevíssima duração). Fugaz, esta espécie cria, no imediato, grandes dificuldades à ciência (leia-se mercado) que vê goradas boa parte das suas tentativas para entender, integrar ou assimilar o fenómeno. Esta estirpe é ainda capaz de sobreviver às agressões ambientais de uma prática criativa que também é um comércio e uma indústria; e resiste porque se afasta dos seus ecossistemas expectáveis. Contudo, e como qualquer outra espécie, pertence a uma cadeia alimentar — um jogo de equilíbrio (ou desequilíbrio) entre estruturas menores e o status quo editorial. Como na biologia, os fenómenos que daqui resultam polarizam os exemplares que existem ou hão-de vir, num processo lento de transformação «genética» e de selecção natural. Mas entre competição (se alinharmos pelas teorias de Darwin) ou cooperação (se alinharmos pelas de Kropotkin), que espécies sobrevivem? Quais os espécimes que concorrem decididamente para a construção de conhecimento ou para a manutenção de um adn cultural, e quais os que não resistem às lógicas vigentes de circulação, recepção e transformação das ideias? Se, como na ciência, quisermos primeiro desafiar a hipótese no laboratório, a dúvida pode ser um começo.
[1] A chamá-la de alguma coisa, preferimos produção editorial que quer «tornar-se menor», seguindo a formulação de Deleuze e Guattari que encontramos nos livros Kafka: Pour une litterature mineure (1975) ou Mille plateaux: Capitalisme et schizophrénie (1980).
Se publicar é operação fundamental para a constituição molecular da evolução e circulação das ideias, apresentamos a primeira hipótese: pensar esta tipologia editorial como um sistema biológico. Neste, cada exemplar, com uma morfologia (quase sempre) peculiar, é uma espécie rara, à beira da extinção (considerando a sua propensão para empreendimentos de brevíssima duração). Fugaz, esta espécie cria, no imediato, grandes dificuldades à ciência (leia-se mercado) que vê goradas boa parte das suas tentativas para entender, integrar ou assimilar o fenómeno. Esta estirpe é ainda capaz de sobreviver às agressões ambientais de uma prática criativa que também é um comércio e uma indústria; e resiste porque se afasta dos seus ecossistemas expectáveis. Contudo, e como qualquer outra espécie, pertence a uma cadeia alimentar — um jogo de equilíbrio (ou desequilíbrio) entre estruturas menores e o status quo editorial. Como na biologia, os fenómenos que daqui resultam polarizam os exemplares que existem ou hão-de vir, num processo lento de transformação «genética» e de selecção natural. Mas entre competição (se alinharmos pelas teorias de Darwin) ou cooperação (se alinharmos pelas de Kropotkin), que espécies sobrevivem? Quais os espécimes que concorrem decididamente para a construção de conhecimento ou para a manutenção de um adn cultural, e quais os que não resistem às lógicas vigentes de circulação, recepção e transformação das ideias? Se, como na ciência, quisermos primeiro desafiar a hipótese no laboratório, a dúvida pode ser um começo.
[1] A chamá-la de alguma coisa, preferimos produção editorial que quer «tornar-se menor», seguindo a formulação de Deleuze e Guattari que encontramos nos livros Kafka: Pour une litterature mineure (1975) ou Mille plateaux: Capitalisme et schizophrénie (1980).
Texto. C/ Rui de Almeida Paiva (Dois
Dias edições), 2018.