Competição ou cooperação: das publicações como espécies em evolução, entre idealismo e ideologia.

Este texto expõe possíveis relações entre modelos desenvolvidos na prática editorial, na biologia, sociologia e economia, tendo em conta a evolução das espécies/espécimes e as lógicas de selecção natural; reconhece, também, o impacto do gesto de publicar na constituição molecular da evolução e circulação das ideias (como uma das formas mais resistentes para a consolidação do adn cultural, capaz de sobreviver às agressões ambientais de uma prática criativa que também é um comércio e uma indústria). Quando se lança mais um livro sobre ‘self-publishing’ [Samizdat: —Eu publico-me. — Eu mesmo publico.] estas preocupações são inevitavelmente uma urgência. Mais do que um «estilo de escrita», publicação própria (ou self-publishing) é entendida, neste texto, como um «estilo operativo» ou «estilo de ação» (De Certeau, 1984); operacionalizando estes princípios, construiremos uma teoria da evolução para os processos de auto-edição, feita simultaneamente por cooperação e competição.

Outra motivação para este texto é evidente – colocar a publicação própria entre idealismo e ideologia, entre proposição que tende para o filosófico, que se reconhece com as potencialidades (ou impossibilidades) do ideal, e um tratado para o discurso crítico em design. Veremos como estas proposições explicam esta publicação como causa/efeito do workshop Samizdat – entre panfletos e códice, entre publicações individuais e publicação colectiva, entre objecto multiplicado e exemplar único. A partir deste momento, resta-nos adensar a argumentação.